Museu da Abolição recebe doação de artefatos britânicos do período escravista

publicado: 17/07/2018 17h25,
última modificação: 17/07/2018 17h27

As manilas eram braceletes de metal trocados por indivíduos escravizados na África para posterior tráfico e comércio nas Américas, sendo por isto consideradas “moedas da escravidão”.
As manilas eram braceletes de metal trocados por indivíduos escravizados na África para posterior tráfico e comércio nas Américas, sendo por isto consideradas “moedas da escravidão”.

O Museu da Abolição (MAB), em Recife (PE), recebeu nos últimos dias a doação de peças históricas importantes para a compreensão do período de escravidão de indivíduos trazidos da África.

Foram doados ao acervo da instituição, que é vinculada ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), três pares de manilas inglesas. As manilas eram braceletes de metal trocados por indivíduos escravizados na África para posterior tráfico e comércio nas Américas, sendo por isto consideradas “moedas da escravidão”.

As peças doadas ao MAB foram encontradas na área de naufrágio ocorrido em 1843 nas rochas de Crebawethan, na costa da Inglaterra. O naufrágio foi encontrado em 1973 pelos mergulhadores Terry Hiron e Jim Heslin. O navio “Duoro” saiu de Liverpool e destinava-se ao sul da Inglaterra, sendo sua carga descrita como de “mercadorias resgatadas, armaduras e batentes de latão”.

Pequenas argolas de bronze com extremidades achatadas abertas, as manilas foram altamente apreciadas pelos traficantes da costa oeste africana. As peças são testemunho do tráfico ilegal que continuou a ocorrer mesmo depois de decretado o fim da escravidão pelo Império Britânico, em 1807.

Com certificado de autenticidade, o conjunto foi doado por uma brasileira residente na Inglaterra há mais de 20 anos. A equipe de Museologia do MAB estuda os artefatos e sua origem para apresentá-los ao público em futura exposição programada para ser aberta ainda este ano.