Ibram participa da 5° edição do Fórum Catarinense de Museus
Na última segunda-feira, dia 15, aconteceu a 5° edição do “Fórum Catarinense de Museus”, em Laguna, Santa Catarina. Com a presença de diversos profissionais de instituições museológicas catarinenses e do Brasil, a solenidade de abertura, realizada no Cine Teatro Mussi, centro histórico da cidade, reuniu conselhos de museologia, centros acadêmicos, estudantes, pesquisadores e gestores da área cultural do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Na abertura do evento, o presidente do Ibram, Paulo Amaral, lembrou o que chamou de “lamentável incêndio no Museu Nacional”, ocorrido no ano passado, no Rio de Janeiro.
Segundo ele, com a tragédia, aumentou a preocupação com a gestão de risco no setor. “O fato foi muito triste, mas fez aumentar a consciência sobre prédios históricos e instituições com memória”, ressaltou.
A conferência de abertura teve a participação do museólogo Cícero Antônio Fonseca de Almeida, do Museu Casa Geyer/Ibram. Ele contextualizou sobre as leis e documentos que normatizam o funcionamento dos museus no Brasil, como os estatutos e planos museológicos, muitos deles inspirados na experiência da França, Portugal e Espanha. Destacou que essas ferramentas são políticas fundamentais para valorização, funcionamento e manutenção dos museus brasileiros.
Com debates, oficinas, plenárias e relatos de experiência, o Fórum, organizado pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), seguiu até quarta-feira, dia 17.
A tarde do dia 16 (terça-feira) foi dedicada a estudos e discussões sobre o Estatuto Catarinense de Museus. Após aprovado e sancionado, ele servirá como instrumento legal para contribuir com a gestão pública e privada de museus e com promoção de boas práticas nesses espaços, assim como instituirá o Cadastro Catarinense de Museus, programa responsável pela produção de conhecimento e informações sistematizadas sobre o setor, e o Registro Catarinense de Museus para formalização das instituições museológicas catarinenses.
Oficinas, painel e conferência
Na manhã do dia 16, os participantes se dividiram em oficinas. Os temas abordados foram Gestão Museológica, Gestão de Riscos ao Patrimônio Musealizado, Documentação Museológica e Turismo Cultural e Museus. As duas primeiras foram ministradas, respectivamente, pelo chefe de Divisão de Normatização do Departamento de Processos Museais (DPMUS) do Ibram, Newton Fabiano Soares, e pela coordenadora de Preservação e Segurança do DPMUS, Taís Valente dos Santos.
De acordo com Newton Fabiano, a oficina “Gestão Museológica” teve como objetivo apresentar modelos de gestão direta, política de aquisições e descartes, gestão de acervo, plano de gestão de riscos, monitoramento das ações e relatório de avaliações. A atividade reuniu trabalhadores de diferentes instituições museológicas de Santa Catarina.
Na oficina “Gestão de Riscos ao Patrimônio Musealizado”, Taís Valente pontuou que o objetivo da atividade foi demonstrar aos participantes a importância do planejamento com ênfase na gestão de riscos e a necessidade de estruturar ações transversais de mitigação dos riscos identificados, de modo a ampliar a eficiência dos recursos dos museus para a prevenção e segurança dos acervos, dos públicos e dos funcionários.
Na tarde do dia 17, foi realizado o painel “O Cadastro e Registro de Museus”. Na oportunidade, a coordenadora de Produção e Análise da Informação (CPAI/CGSIM/Ibram), Rafaela Gomes Gueiros, destacou a importância da Rede Nacional de Identificação de Museus (museusbr) como forma de integração de determinado museu a outros sistemas culturais, assim como a redução do risco de desatualização informacional por meio do compartilhamento de informações em outras plataformas culturais.
No encerramento do evento, foi realizada a conferência “A Política Nacional de Educação Museal (PNEM) e a construção participativa de políticas públicas de museus no Brasil”. Fernanda Castro, educadora museal do Museu Histórico Nacional/Ibram, salientou que a PNEM foi constituída em um processo participativo em que diferentes atores, com protagonismo dos profissionais de museus, colaboraram e discutiram princípios e diretrizes que têm como objetivo subsidiar a prática, sua reflexão e a consolidação teórica de um campo profissional e de construção de conhecimento em formação.
Em sua análise, a participação e o debate democrático tem sido uma marca da construção das políticas públicas de museus no Brasil, em especial no século XXI. “Em tempos de censura, obscurantismo e culto à ignorância, está colocado o desafio e o dever de mantermos as tradições democráticas de elaboração, de aplicação e de avaliação das políticas públicas de museus”, concluiu a educadora museal.
Confira aqui a minuta para o Estatuto Catarinense de Museus.