A pipa, sempre presente nas brincadeiras das crianças e no céu da Estrutural, o diário oficial que garantiu, em 2008, o direito à moradia de sete mil moradores que viviam há uma década na localidade, a barricada de pneus, que fechava as principais vias durante as reivindicações por infraestrutura e o tambor d’água, utilizado quando a comunidade era abastecida por um caminhão-pipa, que às vezes ficava até três dias sem aparecer.
Essas são algumas das memórias representadas na Exposição Movimentos da Estrutural: Luta, resistência e conquista, inaugurada no último sábado, 21 de maio, durante o lançamento do Ponto de Memória da Estrutural, cujo objetivo principal é fortalecer a história local contada por seus próprios moradores, a partir da memória de luta e do cotidiano da cidade.
O lançamento, que reuniu cerca de 60 pessoas, dentre crianças, jovens e adultos, também contou com a presença do presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC), José do Nascimento Junior, do secretário de Cultura do Governo do Distrito Federal (GDF), Hamilton da Silva, da representante da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) Cláudia Casto, da líder comunitária e moradora da Estrutural há 17 anos Maria Abadia Teixeira e do representante da área da Cultura da Administração da cidade Reginaldo Araújo.
Na ocasião, o presidente do Ibram/MinC falou da importância da memória para construção de futuros. “A memória não é para nos fixar no passado reacionário, é para nos impulsionar para o futuro e fortalecer as relações sociais. As experiências dos pontos de memória nos fazem repensar os processos museológicos imexíveis”.
Maria Abadia Teixeira enfatizou o papel agregador do ponto de memória e convidou os moradores a se apropriarem do projeto. “Iniciamos o trabalho, mas é importante que todos participem, para construirmos conjuntamente uma memória forte, que represente nossa comunidade”.
O morador e representante da Administração da Estrutural chamou atenção para a importância da cidade conseguir dar visibilidade às ações positivas. “A imprensa sensacionalista só mostra aspectos negativos. Temos de mostrar que somos pessoas dignas, que sonham por um mundo melhor e que a nossa luta nasceu da luta de muitos joões, marias e josés”, diz Reginaldo.
A programação, que integrou a 9ª Semana Nacional de Museus, também contou com um Museu Cortejo. Conduzido pelo grupo de intervenção artística Galpão do Riso – Nutra Teatro, a marcha encheu de alegria e magia as ruas da Estrutural, ao som de canções entoadas por pífano, pratos e tambor, anunciando o Ponto de Memória da Estrutural como mais uma conquista da cidade.
Pontos de Memória – A Estrutural, que reúne cerca de 40 mil habitantes, é uma das 12 comunidades do País apoiada pelo Programa Pontos de Memória, na reconstrução e fortalecimento da memória social, a partir do cidadão e de suas origens, histórias e valores. O Programa é resultado de parceria do Ibram/MinC, com os Programas Mais Cultura e Cultura Viva, do Ministério da Cultura, o Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, e a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI).
Exposição Movimentos da Estrutural: Luta, resistência e conquista
Local: Casa dos Movimentos (Quadra 9, Conj. E, Lote 21 – Estrutural- DF)
Data: até 21 de julho
Horário de visitação: Segundas, quartas e sextas, das 8h às 11h e das 14h às 17h.