Meteorologista vinculado à Infraero, o também museólogo Antonio Carlos Oliveira atua, desde 2014, junto ao Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro (RJ), para onde foi cedido com um objetivo específico: desenvolver solução tecnológica que permita reunir e utilizar informações meteorológicas para proteger a estrutura física de museus brasileiros e seus acervos.
Ao lado do químico José Luiz Pedersoli Jr., também atuante na área da conservação do patrimônio cultural, Oliveira está à frente do seminário-oficina Gestão de Riscos do Clima para Acervos Musealizados – realizado no MNBA, entre os dias 21 e 25 de novembro, por iniciativa do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), no âmbito do Programa para a Gestão de Risco ao Patrimônio Musealizado Brasileiro.
Criador de ferramenta inédita no âmbito da prevenção de riscos climáticos aos acervos brasileiros e aos prédios que os abrigam, o meteorologista e museólogo respondeu, durante o evento, a algumas perguntas feitas pela Assessoria de Comunicação do Ibram.
O que é o sistema informatizado e integrado que você desenvolveu e o que ele oferece?
A ferramenta tem como objetivo monitorar o clima interno e externo dos museus da rede Ibram para análise de risco ambiental e preservação de seus acervos. Ela oferece modelos de simulação de cenários que permitem combinar as variáveis do clima externo e clima interno para diagnosticar o grau de risco ambiental de forma contínua e informar aos respectivos responsáveis, em cada caso, qual a melhor conduta a ter com seu acervo.
Como a ferramenta vai gerar dados sobre clima externo e interno de todos os 30 museus da rede Ibram?
Para traçar cenários quanto ao clima externo, a plataforma vai agregar dados, atualizados de forma contínua, oferecidos por bases de dados online públicas e confiáveis disponíveis para a população brasileira, de órgãos como o Ministério da Agricultura, o Ministério da Ciência e Tecnologia e o Ministério das Minas e Energia, que a área da Cultura nunca utilizou com esta finalidade.
Para o monitoramento quanto ao clima interno de cada museu, estamos distribuindo a cada museu da rede Ibram, durante este seminário-oficina, um aparelho termohigrômetro, com capacidade expansível para mais 30 pontos de medição em cada museu, que medirá a temperatura e umidade de cada ambiente e serão todos conectados a uma rede única, que poderá ser acompanhada pela gestão central do Ibram.
Que desdobramentos isso terá para a gestão de risco ambiental aos acervos musealizados?
O monitoramento dos ambientes de todos os museus da rede Ibram, que estão distribuídos pelas diversas regiões brasileiras, permitirá a produção de simulações digitais de cenários e a elaboração de protocolos de alerta. As informações reunidas sobre risco ambiental interno e externo também tornariam o Ibram mais preparado, por exemplo, para se pronunciar quando da elaboração de Estudos de Impacto de Vizinhança para obras realizadas no entorno de seus museus.
O sistema também vai permitir catalogar sinistros e observar a distribuição e frequência dos eventos, tornando possível a prevenção de problemas específicos em cada local. A ferramenta também poderá ser útil para o intercâmbio de acervos entre museus, permitindo compatibilizar a temperatura e umidade adequada a cada bem cultural de cada região. De forma geral, ela vai permitir um mapeamento das condições de guarda de cada acervo e possibilitar que se garanta a sua estabilidade.
Qual a previsão para a entrada desta rede integrada em atividade?
Com a realização deste seminário-oficina e a distribuição doas higrômetros para cada museu, teremos condições de colocar o sistema em funcionamento no começo de 2017. A perspectiva é de que, através de parcerias, esta ferramenta inédita possa depois se expandir para outros museus públicos e privados brasileiros, e mesmo exportada para uso internacional.
Foto: Ascom/Ibram