Histórias e memórias dos museus Ibram em Goiás foram tema de palestra

publicado: 20/09/2017 17h58,
última modificação: 21/09/2017 16h22

Com quantas histórias se constrói a memória de um museu? No caso dos museus ligados ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em Goiás, elas são muitas.

Stélia Braga durante palestra na sede do Ibram em  Brasília (DF)
Stélia Braga durante palestra na sede do Ibram em
Brasília (DF)

Com o tema Narrativas da memória: Goiás entre museus e muros simbólicos, Stélia Braga, diretora das três unidades Ibram no Estado, apresentou em Brasília (DF), na terça-feira (19), um recorte sobre como os museus também constroem suas memórias a partir da experiência local.

O Museu das Bandeiras, o Museu de Arte Sacra da Boa Morte e o Museu Casa da Princesa, respectivamente nas cidades de Goiás e Pilar de Goiás, ocupam edificações históricas nas cidades e, portanto, trazem consigo memórias que acabam por ser incorporadas e reinterpretadas.

Novas apropriações
O edifício do Museu das Bandeiras, por exemplo, que foi Casa de Câmara e Cadeia até o começo do século XX, esteve recentemente ocupado por uma ação de “cinema expandido”: a proposta foi levar ao público um ambiente imersivo, no qual se destacaram os temas do aprisionamento e do sofrimento. Saiba mais.

Stélia Braga chama de “novas apropriações sociais do patrimônio cultural” ações desse tipo, apontando que um olhar contemporâneo para o museu deve abarcar tanto questões relativas à ocupação bandeirante na região Centro-Oeste quanto “enfatizar as contribuições dos diversos segmentos sociais presentes neste processo”.

Já o Museu de Arte Sacra da Boa Morte tem também sua peculiaridade: mesmo estando sob a direção do Ibram, existe uma relação estreita com a Diocese de Goiás, por ter absorvido o acervo do antigo Museu da Cúria e ocupar a antiga Igreja da Boa Morte.

Museu Casa da Princesa/Ibram em Pilar de Goiás (GO)
Museu Casa da Princesa/Ibram em Pilar de Goiás (GO)

Peças do acervo são, ainda hoje, utilizadas em eventos religiosos da cidade. Diante de um acervo sacro-cristão, o museu visa também contribuir para a “promoção da dignidade humana, universalização do acesso e respeito à diversidade cultural e religiosa”.

Doações de moradores
“A memória de uma instituição fala muito da sua representatividade na comunidade”, acredita Stélia. E isso se adequa ao papel que o Museu Casa da Princesa ocupa em Pilar de Goiás.

A casa setecentista, que já foi morada de ex-combatente da Guerra do Paraguai e escola “Mobral”, ao se tornar museu ganhou também um personagem inesquecível: o zelador Antônio Gomes ‘Tição’. “Em seu trabalho de conformação do Museu Casa da Princesa montou coleções, promoveu o museu e manteve a manutenção da Casa”, diz nota do Ibram quando do seu falecimento ano passado.

Um ponto a mais na relação com a comunidade está na constituição do acervo. Desde os tempos de ‘Seu Tição’, a coleta de objetos e documentos entre os moradores tornou-se corriqueira. Com o volume de doações ao longo dos anos, o museu fez um levantamento recente do acervo enquanto pensa em uma nova expografia.

“É necessário estabelecer um diálogo com os diversos segmentos para ampliarmos nosso papel social. Esse é um desafio que enfrentamos diante da nossa própria memória institucional”, apontou Stélia ao final.

A atividade integra a programação da 11ª Primavera dos Museus, que acontece até domingo (24) em todo o Brasil.

Texto: Ascom/Ibram
Fotos: Divulgação