Sede da presidência do Brasil até a transferência da capital federal para Brasília (1960) e palco de capítulos controversos da história republicana brasileira – como o suicídio de Getúlio Vargas – o Palácio do Catete, no Rio de Janeiro (RJ) é local privilegiado para celebrar e refletir sobre a Proclamação e toda a história que seguiu-se à instauração de uma república federativa presidencialista em nosso país.
Os paradoxos, ambiguidades, embates e polêmicas gestados nesta trajetória são o foco da exposição “Gabinete republicano de histórias controversas, não ditas e mal ditas”, que o Museu da República abre ao público com conteúdo integral nesta quarta-feira (15), feriado nacional, a partir das 10h.
Caleidoscópio inédito
Concebida como uma “exposição-processo”, a mostra foi iniciada em maio, tendo como ponto de partida duas salas do museu; em agosto, ganhou mais uma seção expositiva; e chega ao 15 de novembro em formato completo, com quatro salas. Ao longo deste percurso, vários documentos foram acrescentados, compondo um caleidoscópio denso e inédito de histórias e versões não ditas, “mal ditas”, silenciadas, apagadas e esquecidas.
A primeira sala da exposição, que ficará em cartaz até o final de 2018, aborda as controvérsias e crises dos dez primeiros anos da República, com enfoque no golpe que derrubou a monarquia e nas grandes revoltas do período, como a Revolta da Armada e a Revolta de Canudos.
A segunda sala trata do descompasso entre o projeto europeizante das elites brasileiras do início do séc. XX com a realidade do país, abordando também o tema do racismo e preconceito, além da ambígua figura de Getúlio Vargas. Já a terceira sala mostra diversas questões controversas do período de 1960 até a atualidade: a construção de Brasília, o golpe de 1964, a redemocratização, a constituinte de 1988, os movimentos sociais e os impeachments.
Bandeira original
A quarta e última sala da exposição faz um apanhado da mostra e estimula a reflexão para o futuro próximo do país. Com destaque para mais um ineditismo: pela primeira vez desde 1889, o projeto iconográfico original daquela que viria a ser a atual bandeira do Brasil será exposto ao público.
Os esboços originais (dois estudos, em grafite sobre papel), foram concebidos pelo filósofo e matemático Raimundo Teixeira Mendes e integram o acervo da Igreja Positivista do Brasil (IPB). Os desenhos foram restaurados no Laboratório de Conservação de Acervos da Superintendência de Museus do Rio de Janeiro, e ficarão expostos por três meses, quando serão substituídos por reproduções.