Exposição no MNBA exibe mestres exilados da gravura brasileira

publicado: 11/10/2018 16h12,
última modificação: 22/10/2018 11h00

Mostra apresenta 32 obras originais de três mestres da gravura que chegaram ao Brasil no século XX, fugindo do nazismo na Europa, e se estabeleceram no país, influenciando várias gerações de artistas brasileiros.
Mostra apresenta 32 obras originais de três mestres da gravura que chegaram ao Brasil no século XX, fugindo do nazismo na Europa, e se estabeleceram no país, influenciando várias gerações de artistas brasileiros.

O Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro (RJ), inaugurou na última terça-feira (9) a exposição “Três gravuristas e o exílio no Brasil: Fayga Ostrower, Axl Leskoschek, Lasar Segall”. A mostra apresenta 32 obras originais de três mestres da gravura que chegaram ao Brasil no século XX, fugindo do nazismo na Europa, e se estabeleceram no país, influenciando várias gerações de artistas brasileiros.

O objetivo da exposição, que também exibe painéis, cartas, fotos e filmes, é lançar foco sobre como a vivência de partida, migração e exílio marcaram o estilo dos artistas e como eles trouxeram novas técnicas, olhares e formas de pensar a arte e o processo de criação.

O judeu ucraniano Lasar Segall (1891-1957) chegou ao Brasil já na década de 1920. Voltou para a Europa, mas regressou em definitivo para São Paulo com o recrudescimento das manifestações antissemitas de extrema direita. Em suas gravuras, o autor do famoso Navio de Emigrantes evoca temas judaicos e a sua aldeia nativa, além do cotidiano do país que o acolheu.

Polonesa de origem, Fayga Ostrower (1920-2001) viveu com a família na Alemanha até a fuga noturna atravessando florestas para a Bélgica e de lá para o Brasil, em 1934. Dedicou-se durante meio século à arte e passou do figurativo ao abstrato em suas gravuras. Além do seu legado artístico, foi uma pensadora que refletiu sobre arte e estética em vários livros.

O austríaco Axl Leskoschek (1889-1975), de orientação política de esquerda, precisou sair da Áustria quando se filiou ao partido comunista. No Brasil, foi professor na Fundação Getúlio Vargas e teve um ateliê famoso no bairro da Glória, no Rio de Janeiro. Formou uma geração de expoentes da gravura, como a própria Fayga Ostrower. O visitante da exposição poderá ver o seu delicado livro Miniaturas brasileiras, com cenas do cotidiano.

“Três gravuristas e o exílio no Brasil: Fayga Ostrower, Axl Leskoschek, Lasar Segall” pretende despertar a reflexão sobre uma temática cada dia mais atual – o sofrimento do exílio, o acolhimento, a riqueza que reside no olhar de uma outra cultura. A mostra inaugura uma parceria entre o MNBA e a Casa Stefan Zweig, instituição sediada em Petrópolis (RJ) dedicada ao tema do exílio, e pode ser visitada até 3 de fevereiro de 2019 de terça a sexta-feira, das 10h às 18h; e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h.