O Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro (RJ), inaugurou na última terça-feira (9) a exposição “Três gravuristas e o exílio no Brasil: Fayga Ostrower, Axl Leskoschek, Lasar Segall”. A mostra apresenta 32 obras originais de três mestres da gravura que chegaram ao Brasil no século XX, fugindo do nazismo na Europa, e se estabeleceram no país, influenciando várias gerações de artistas brasileiros.
O objetivo da exposição, que também exibe painéis, cartas, fotos e filmes, é lançar foco sobre como a vivência de partida, migração e exílio marcaram o estilo dos artistas e como eles trouxeram novas técnicas, olhares e formas de pensar a arte e o processo de criação.
O judeu ucraniano Lasar Segall (1891-1957) chegou ao Brasil já na década de 1920. Voltou para a Europa, mas regressou em definitivo para São Paulo com o recrudescimento das manifestações antissemitas de extrema direita. Em suas gravuras, o autor do famoso Navio de Emigrantes evoca temas judaicos e a sua aldeia nativa, além do cotidiano do país que o acolheu.
Polonesa de origem, Fayga Ostrower (1920-2001) viveu com a família na Alemanha até a fuga noturna atravessando florestas para a Bélgica e de lá para o Brasil, em 1934. Dedicou-se durante meio século à arte e passou do figurativo ao abstrato em suas gravuras. Além do seu legado artístico, foi uma pensadora que refletiu sobre arte e estética em vários livros.
O austríaco Axl Leskoschek (1889-1975), de orientação política de esquerda, precisou sair da Áustria quando se filiou ao partido comunista. No Brasil, foi professor na Fundação Getúlio Vargas e teve um ateliê famoso no bairro da Glória, no Rio de Janeiro. Formou uma geração de expoentes da gravura, como a própria Fayga Ostrower. O visitante da exposição poderá ver o seu delicado livro Miniaturas brasileiras, com cenas do cotidiano.
“Três gravuristas e o exílio no Brasil: Fayga Ostrower, Axl Leskoschek, Lasar Segall” pretende despertar a reflexão sobre uma temática cada dia mais atual – o sofrimento do exílio, o acolhimento, a riqueza que reside no olhar de uma outra cultura. A mostra inaugura uma parceria entre o MNBA e a Casa Stefan Zweig, instituição sediada em Petrópolis (RJ) dedicada ao tema do exílio, e pode ser visitada até 3 de fevereiro de 2019 de terça a sexta-feira, das 10h às 18h; e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h.