Aventura I – Ibram leva mais de 130 crianças do interior de SP ao museu

publicado: 13/12/2009 14h23,
última modificação: 06/04/2011 14h24

Imagine adentrar pela primeira vez em um grande casarão antigo da metade do séc. XVIII, com fachada de azulejos, janelas e portas gigantescas, percorrer por salões com pinturas de época nas paredes e subir por escadas iluminadas por uma clarabóia comprida, toda trabalhada. E, logo adiante, se surpreender com um gramofone, no meio da sala, e com equipamentos que contam a história da imagem e do som de uma cidade – primeiros aparelhos de televisão, telefone, retro-projetores, vídeo-games, câmeras, discos de vinil, cartazes de filmes de época, fotografias da cidade antiga e de cantores e músicos conterrâneos, desde o notório maestro Carlos Gomes à dupla Sandy e Júnior. Imagine também conhecer um grande salão moderno, vazado e branco, com uma série de obras em diferentes formatos e cores, que pontuam a história da arte no município: algumas expressam o imaginário popular de determinada década, outras fazem referência às histórias em quadrinhos, às fábulas, às manifestações de protesto, à ditadura e à guerra.

O primeiro espaço descrito é o Museu da Imagem e do Som – MIS Campinas, visitado na terça-feira 11 de novembro, por cerca de 80 crianças de seis entidades sócio-educativas da cidade do interior paulista Hortolâdia – SP. São elas: Núcleo de Crianças Vinde a mim, Barracão da Gente, Casa Bethania da Paz, Escola Evangelho Esperança, Centro Comunitário São Pedro e Casa da Criança. Já o segundo, é o Museu de Arte Contemporânea de Campinas – MACC, visitado por 40 crianças de uma escola do ensino fundamental campinense, na segunda-feira, 10 de novembro. O diferencial dos visitantes é que são crianças de áreas de risco social, e algumas delas retiradas do trabalho infantil. O diferencial da visita é que, além de conhecer pela primeira vez uma casa de memória, elas também puderam aprender, através de oficina de contação histórias e produção de desenhos, a importância do museu como guardião da memória e lugar de comunicação entre passado, presente e futuro.

A ação – piloto faz parte do Programa Aventuras da Memória: Nosso Museu, minha história, uma parceria entre o Instituto Brasileiro de Museus – Ibram e a escritora de literatura infantil Patrícia Secco. O projeto pretende promover e incentivar a visitação a museus e a leitura, consideradas práticas fundamentais para compreensão do mundo. Durante as oficinas, a escritora conta as histórias “Aventuras da Memória” e “Museu Vivo”, ambas de de sua autoria. A primeira, que faz referência à mitologia grega, narra as aventuras de um grupo de crianças que são apresentadas as noves musas gregas, filhas da memória. Já a segunda, conta a história de um menino que ganha de aniversário um livro em branco e ali registra sua história pessoal, familiar e da cidade, o que o inspira a criar um museu no quintal de sua casa. Após a contação de histórias, as crianças ganham um kit, com os livros, lápis de cor, lápis grafite, borracha e papel e são convidadas a soltar a imaginação e desenhar o que pensam sobre museu. Também faz parte do projeto a publicação de um livro com os melhores desenhos produzidos pelas crianças.

A monitora Casa da Criança Feliz Michelle Clementino diz que a cultura de Hortolândia está apagada e que a cidade precisa de museu para contar sua história. “Precisamos incentivar a criação de um museu da cidade de Hortolândia, pois acredito que, a partir do entendimento de nossa história, das memórias da cidade, as crianças vão resgatar a identidade e ter uma melhor expectativa de vida ”, enfatiza.

O diretor do Departamento de Inclusão Social de Hortolância, Rogério Nóbrega, diz que as mensagens dos livros vêm ao encontro da cidadania que a cidade vem buscando. “Apesar de estar na região metropolitana de São Paulo, cercada por um conjunto de fábricas, grande parte da população de Hortolândia não tem acesso a equipamentos culturais”, afirma.
Já a coordenadora do MIS- Campinas, Adriana Maciel, diz que o trabalho é importante na formação das crianças por apresentá-las ao patrimônio cultural da cidade. “É fundamental que as crianças desde cedo despertem o interesse e o respeito pelos museus e pela memória da cidade.”

Na próxima semana, a ação estará em Porto Alegre – RS, com a participação de 300 crianças de municípios do interior gaúcho.

FICHA DE INSCRIÇÃO PARA SUBMISSÃO DE TRABALHOS AS COMUNICAÇÕES COORDENADAS E AOS PAINÉIS