Estudo do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) aponta a necessidade de crédito extra-orçamentário de R$ 15 milhões para fazer as reformas necessárias em instituições museológicas da região Sudeste atingidas pelas chuvas nas últimas semanas. O levantamento foi encaminhado ao Ministério da Cultura, ao qual o Ibram é vinculado, para que sejam tomadas as providências cabíveis.
Foram identificados problemas em 29 museus, sendo que a maioria deles relatou casos de infiltrações e goteiras. No Espírito Santo (ES) e Rio de Janeiro (RJ) houve casos de inundações e alguns acervos precisaram ser removidos. O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, em Araponga (MG), relatou o desmoronamento de duas rampas de acesso e o destelhamento de um edifício.
Na maioria das instituições contatadas na região, no entanto, não houve relatos de problemas significativos causados pelas chuvas. Também foram detectados casos de museus localizadas em municípios que se encontram em estado de alerta e que não atenderam às ligações e nem responderam aos e-mails.
O levantamento foi realizado entre os dias 5 e 10 de janeiro e considerou as informações prestadas pelas instituições museológicas, pela Defesa Civil, pelas secretarias estaduais de Cultura, pelos Sistemas de Museus nos estados e pelo Cadastro Nacional de Museus (Ibram/MinC).
Para ajudar nas medidas de prevenção e no salvamento do patrimônio museológico em situação de risco, devido a situações climáticas ou outros tipos de incidentes, como incêndios, o Ibram também está desenvolvendo um cadastro de voluntários que deve ser lançado ainda no primeiro semestre.
Os dados identificados pelo levantamento de patrimônio museológico em situação de riscos devido às chuvas estão detalhados a seguir:
São Paulo
A Defesa Civil do Estado de São Paulo indicou apenas um município – Paulínia – em estado de alerta. Em Paulínia há dois museus, mas nenhum deles atendeu as tentativas de contato. O Sistema Estadual de Museus de SP, no entanto, informou que não recebeu notícias de instituições com danos causados pelas chuvas.
Rio de Janeiro
Na Casa de Cultura de Aperibé houve uma inundação, atingindo 15 cm de altura no interior do museu, e por isso a instituição está fechada. Não houve danos ao acervo ou aos equipamentos.
Foram identificadas ocorrências de inundações no Museu Francisco Alves, em Miguel Pereira, e no Centro Cultural Melchíades Cardoso, em Miracema, sem danos aos museus ou aos acervos.
A Casa de Cultura de Laje do Muriaé (em construção) não sofreu danos, apesar de o município estar totalmente alagado; o Centro Cultural de São José de Ubá sofre com as chuvas devido a rachaduras já existentes; o Centro Cultural de Cardoso Moreira teve seu acervo retirado sem maiores prejuízos, pois o problema com as chuvas é recorrente.
Em Paraty, o risco de desmoronamento de encostas preocupa a administração do Museu Forte Defensor Perpétuo, que integra a rede de museus Ibram/MinC. Ali foi identificado o aumento de infiltrações devido às recentes chuvas.
O Instituto Brasileiro de Museus também identificou problemas com infiltrações nos telhados em outros seis museus que integram sua estrutura e localizam-se no Rio de Janeiro: Museu de Arte Religiosa e Tradicional, em Cabo Frio; Museu Imperial (com problemas menos graves) e Palácio Rio Negro, em Petrópolis; Museu Casa da Hera, em Vassouras; e Museu da República e Museu Villa-Lobos, na capital.
De acordo com tabela enviada pela Superintendência de Museus do RJ, não foram identificados problemas no patrimônio museológico dos municípios de ItaIva, Itaperuna, Santo Antônio de Pádua, Bom Jesus de Itabapoana, Itaocara, Natividade, Porciúncula, Varre-Sai, Campos dos Goytacazes e São Fidélis.
Minas Gerais
O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, no município de Araponga, informou que houve o desmoronamento de duas rampas de acesso e o destelhamento de um edifício. O Museu de Minerais e Rochas de Uberlândia está com sérias infiltrações, com a penetração de águas das chuvas no edifício, descendo pela parte elétrica.
Alguns museus relataram infiltrações pelos telhados: Museu de Arte da Pampulha e Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte; Museu Histórico e Artístico de Claudio (antiga estação ferroviária) e o Museu Arquidiocesano de Mariana.
Entre os museus integrantes da estrutura do Ibram, foram identificados problemas no Museu Regional de Caeté, no qual as infiltrações ficaram piores e cujo muro de arrimo está parcialmente desmoronado, e no Museu do Diamante (Diamantina), onde houve queda de um muro e infiltrações no subsolo e no telhado.
No Museu da Inconfidência (Ouro Preto), Museu do Ouro (Sabará) e Museu Regional Casa dos Ottoni (Serro) houve agravamento de infiltrações. A Superintendência de Museus e Artes Visuais não registrou outras ocorrências nos museus do estado.
Espírito Santo
A Secretaria de Cultura informou que há, no estado, 16 municípios em situação de emergência, sete dos quais possuem museus.
No município de Santa Maria de Jetibá, não houve qualquer problema com o Museu da Imigração Pomerana; em Cachoeiro do Itapemirim, Santa Leopoldina, Domingos Martins e São Mateus ocorreram apenas goteiras.
Em Ibatiba, o Museu do Tropeiro sofreu goteiras e aumento da infestação por cupins; no município de Linhares, o Museu Elias Lorenzutti (o único que foi possível contatar) apresentou goteiras e acúmulo de água no forro, infiltrando pela parede. O acervo deste museu foi deslocado para o prédio da Secretaria de Cultura até que a temporada de chuvas acabe e os problemas sejam solucionados.
A pesquisa do Ibram identificou, ainda, os seguintes problemas na capital Vitória: no Museu Histórico da Ilha das Caieiras a água penetrou pelas esquadrias e escorreu pelas paredes, afetando o piso de madeira do 2º andar, uma caixa de livros e a sala de exposições no andar térreo, que apresenta infiltração de umidade na parede lateral direita.
O Museu do Telefone encontra-se alagado em razão de sobrecarga nas calhas, causada pelas chuvas, e do acúmulo de folhas na cobertura do museu. Integrante da estrutura do Ibram, o Museu Solar Monjardim também apresenta situação delicada, pois galhos grandes deslizaram pelo terreno e o muro de contenção da encosta ameaça cair.
No Museu de Biologia Professor Mello Leitão (Ibram/MinC), em Santa Teresa, houve queda de árvores e o nível do rio passou a transbordar no terreno do museu.
Além disso, a Secretaria de Cultura do Estado do ES informou também que há goteiras em museus situados nas cidades de Cachoeiro do Itapemirim, onde, de acordo com dados do Cadastro Nacional de Museus (Ibram/MinC) existem quatro museus; Santa Leopoldina com um museu; Domingos Martins com três museus; São Mateus com cinco museus) e Linhares com 7 museus. Na cidade de Ibatiba não há indicação de museus segundo o CNM.
Texto: Ascom/Ibram
Fotos: Divulgação