Instrumento fundamental para a sistematização do trabalho interno e para a atuação dos museus na sociedade, o plano museológico foi tema de debate da III Jornada Brasil- Espanha, que aconteceu de 30 de novembro a 2 de dezembro, no Rio de Janeiro. Além das autoridades da Espanha e da diretoria do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC), o evento reuniu cerca de 150 participantes, dentre diretores de instituições museológicas vinculadas ao Ibram, de museus de favela, virtuais e institucionais.
Na abertura , o presidente do Ibram/MinC, José do Nascimento Junior,pontuou o encontro como um marco do intercâmbio museológico. “Na III Jornada pretendemos, junto as autoridades espanholas, discutir e elaborar procedimentos norteadores de administração e gestão que sirvam como base não só para as instituições vinculadas ao Ibram, mas também para os cerca de 2.716 museus brasileiros.”
Na ocasião, a subdiretora dos museus dos estados do Ministério da Cultura da Espanha, Izabel Izquierdo, apresentou o plano museológico para implantação do Museu Nacional de Etnografia de Teruel, na Espanha. Para ela, o instrumento de planejamento é que garante o compromisso das instituições nas práticas futuras, independentemente das eventualidades. “Planejar implica eleger metas e políticas.”
Já o diretor do Departamento de Processos Museais do Ibram, Mário Chagas, lembrou que um dos grandes desafios em pensar o plano museológico na atualidade é levar em conta as novas tipologias de museus, já que as categorias se ampliaram e estão mais complexas assim como a sociedade contemporânea. “Não podemos pensar somente no museu-templo, clássico – local de contemplação e troca de idéias, naqueles ligados apenas à coleção, temos de pensar também nos museus nômades, territoriais, digitais, nos que praticam o saber cooperativo. Entender o museu como território de relação entre os seres humanos.”
Mário Chagas também afirmou que é preciso quebrar a estigma de que no Brasil nada se planeja. “As escolas de samba são um grande exemplo de planejamento estratégico. É possível planejar e ainda exercitar a criatividade. Um plano museológico pode ser político, poético e pedagógico”.
Movida a debates, a programação seguiu com apresentação de diversas autoridades do setor, dentre elas, da diretora do Museu Histórico Nacional – MHN, Vera Tostes, do diretor do Museu das Peregrinações e de Santiago, Bieito Pérez – que palestrou sobre o tema Musealizar um fenômeno universal e sobre o plano museológico da respectiva instituição. Também contou com palestra da coordenadora geral de Sistemas de Informação do Ibram, Rose Miranda, sobre as experiências das oficinas de Plano Museológico no Brasil , do diretor do Museu da Abolição, de Recife – PE, Adolfo Samyn, sobre estudo de caso da unidade museológica, e do presidente do Conselho Internacional de Museus – ICOM-Espanha e diretor do Museu Nacional de Arqueologia Sub-Aquática – ARQUA, Rafael Azuar, sobre “Planejamento e refundação do museu: O plano museológico do ARQUA”.
III Jornada Brasil Espanha – Teve o intuito de refletir e trocar experiências sobre a metodologia de planejamento e atuações em museus por meio do Plano Museológico, cuja elaboração está prevista na Portaria Normativa/Iphan n° 1, de 5 de julho de 2006 – que dispõe sobre a finalidade de apresentar os procedimentos para a organização da gestão das instituições vinculadas do Ibram e detalha as diretrizes e procedimentos para elaboração plano, indicando inclusive quais programas ele deve conter.
A III Jornada Brasil-Espanha é uma realização do Instituto Brasileiro de Museus – Ibram/Ministério da Cultura do Brasil e a Subdireção Geral de Museus Estatais -SGME/Ministério da Cultura da Espanha.