O Instituto Marília Borges, por intermédio de Gisella Kasten, doou ao Museu da Inconfidência/ Ibram uma rede que pertenceu a Domitila de Castro Canto e Melo – a Marquesa de Santos (São Paulo, 1797-1867), conhecida por ter sido amante do Imperador Dom Pedro I. A peça, rica em bordados e detalhes, fez parte do acervo do antiquário do imigrante italiano Felício Cesarino que, ao se estabelecer no Paraná como agricultor, conheceu a esposa Ermida Victorelli, parente da personagem histórica. Ermida viveu até 1995, e sua sobrinha-neta Maria Aparecida Victorelli herdou a peça. Quando ela faleceu, em 2014, deixou a rede para a doadora.
Domitila casou-se em 1813, aos 15 anos, com o Alferes Felício Coelho Pinto de Mendonça. Este lhe tratava com crueldade e, após dar-lhe duas facadas, ocorreu o divórcio. Mais tarde, após rumores sobre um movimento a favor da independência do Brasil, Dom Pedro I saiu do Rio de Janeiro em agosto de 1822, rumo a São Paulo. Nos campos do Ipiranga, viu Domitila pela primeira vez, porque ela era irmã do cadete Francisco da sua escolta. O relacionamento durou sete anos e, em virtude dele, a “favorita” tornou-se primeira dama da Imperatriz Leopoldina e foi agraciada com os títulos de Baronesa, em 1824; Viscondessa, em 1825 e Marquesa de Santos, em 1826.
Mais sobre Domitila
O romance com Dom Pedro I pode ser acompanhado nas mais de 200 cartas trocadas pelo casal. No Rio de Janeiro, Domitila viveu em uma casa de sobrado ampla, com instalações de luxo, onde ocorriam os encontros com o imperador. Morou no local até 1826, quando passou a residir em um palácio vizinho à Quinta da Boa Vista. Após a morte da imperatriz Leopoldina, Dom Pedro I, contrariando as expectativas, casou-se com Amélia Beauharnais, a Duquesa de Luuchtemberg. A Marquesa de Santos então volta para São Paulo, onde se uniu a Raphael Tobias de Aguiar, militar e político.
A Marquesa de Santos viveu 70 anos. Teve, ao todo, 13 filhos, sendo quatro de Dom Pedro I. Na capital paulista, participou da vida pública do país, intervindo nas eleições e filiando-se ao partido liberal. Era dotada de grande prestígio político, e recebia em sua casa – um “solar” elegante e luxuoso – as principais personalidades da vida acadêmica e cultural da cidade. Dedicou os seus últimos anos a ajudar os pobres, doentes e estudantes. Depois de curta doença, Domitila faleceu no ano de 1867.