No dia em que comemora seus 200 anos de criação, o Museu Nacional, mais antigo museu brasileiro em atividade e também a mais antiga instituição de Ciência do país, inaugura exposição que expressa seu pioneirismo e contribuição para o desenvolvimento científico nacional.
“Expedição Coral: 1865-2018” convida o visitante a explorar a descoberta dos corais e ambientes coralíneos e seu estado de conservação, desde o Brasil de Pedro II até hoje. Com a curadoria dos professores Clovis Castro e Débora Pires, coordenadores do Projeto Coral Vivo, a exposição traz exemplares da fauna dos recifes de coral do Brasil, telas interativas, instrumentos científicos, entre outras peças.
Revelação recente
Um dos destaques fica por conta de uma revelação recente para a ciência. Em meio a um gabinete com dezenas de nichos, está o esqueleto de colônia centenária do coral Mussismilia braziliensis. A peça foi datada por meio de métodos de alta tecnologia e o resultado confirma que sua coleta foi realizada durante expedição ligada ao naturalista canadense Charles Hartt, entre 1865 e 1876, na Bahia. Ele foi pioneiro no levantamento geológico do Brasil e diretor da Seção de Geologia do Museu Nacional em 1876.
Essa área da exposição busca resgatar o ambiente científico do século XIX, apresentando o rico acervo do Museu Nacional constituído de instrumentos científicos, vidraria de laboratório, além de fotografias, ilustrações, fósseis, rochas, entre outros itens coletados e da época das expedições da Comissão Geológica do Império. O Gabinete de Curiosidades é uma referência à museografia clássica.
Conservação de ambientes coralíneos
O pano de fundo da mostra é o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos (PAN Corais). Um exemplar do peixe mero (Epinephelus itajara) taxidermizado com mais de 2 metros de comprimento busca chamar a atenção para as espécies ameaçadas. Outras espécies-foco do PAN Corais estarão expostas em bordados, em meio líquido ou com o esqueleto seco.
Duas telas interativas buscam sensibilizar o público na exposição. Em uma delas, será possível jogar e compreender de forma divertida o impacto das ações das pessoas em ecossistemas como banco de corais, banco de gramas-marinhas e manguezal. Na outra tela, o público poderá tocar o mapa da costa brasileira para conhecer unidades de conservação, áreas prioritárias do PAN Corais e projetos conservacionistas.
No teto, estará uma instalação de tecido e luz inspirada na topografia do Recife da Lixa, da região de Abrolhos, desenhada por Hartt. Uma série de exemplares de espécies marinhas que ocorrem nos recifes brasileiros estará disposta sobre ampla mesa. Entre elas, uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), um baiacu taxidermizado, assim como outros peixes, arcada de tubarão, conchas e ouriços. As janelas do salão da exposição estarão encobertas por biombos vazados, e a luz solar deixará sombras inspiradas nas texturas do coral Mussismilia harttii: espécie que somente ocorre no Brasil e que seu nome é uma homenagem ao naturalista Charles Hartt.
Projeto Coral Vivo
O Projeto Coral Vivo é patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental e trabalha com pesquisa, educação, turismo, políticas públicas e sensibilização para a conservação e uso sustentável dos ambientes recifais e coralíneos do Brasil. Concebido pelo Museu Nacional/UFRJ, hoje é realizado por doze universidades e institutos de pesquisa.