A Antropologia vai aos Museus. Os Museus vão à Antropologia foi o evento que o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC) e a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), realizaram, entre os dias 29 de junho e 1º de julho, no Museu de Arte de São Paulo (Masp).
O objetivo do encontro, segundo Bela Feldman-Bianco, presidente da ABA, era apresentar e discutir as intersecções entre a antropologia e os museus. Para isso, o evento contou com seis painéis sobre temas relacionados às duas áreas de conhecimento.
Na abertura, o antropólogo Roberto DaMatta falou de sua trajetória na antropologia, relembrando as dificuldades enfrentadas nos anos 60, quando “escrevia para poucos lerem e menos ainda entenderem”.
Tradição e tecnologia
O primeiro painel contou com João Pacheco de Oliveira (UFRJ) e Roque Laraia (UNB) e apresentou situações de quatro instituições distintas: tradicionais e com foco no ensino – Museu Nacional (RJ) e Museu Antropológico da UFG (GO) – e iniciativas recentes que têm a comunidade como foco – Museu da Maré (RJ) e Ponto de Memória Terra Firme de Belém (PA).
Redes, hipermídia, virtualidade: um novo museu? foi o tema do segundo painel que apresentou os museus do Futebol, da Língua Portuguesa e da Imigração, todos em São Paulo. Para Antônio Carlos de Moraes Sartini, do Museu da Língua Portuguesa,“os museus do futuro não têm uma cara, têm várias; e a tecnologia é mais uma ferramenta, entre tantas disponíveis para que o museu possa transmitir sua mensagem”.
As atividades de sábado encerraram-se com o tema Antropologia em rede: Museu Afrodigital, que contou com representantes das universidades federais da Bahia e Pernambuco, além da estadual do Rio de Janeiro, que fazem parte do projeto do Museu Afrodigital.
Fernando de Tacca, doutor em Antropologia, e o antropólogo Terri Aquino apresentaram seus trabalhos junto a comunidades indígenas no painel de abertura do domingo (1º de julho).
Tacca, por meio de fotografias tiradas durante a Comissão Rondon, analisou a construção da imagem ”oficial” do índio. Já Aquino apresentou a situação das etnias que vivem na fronteira do Brasil com o Peru, enfatizando o avanço crescente sobre as terras indígenas protegidas.
No painel Música e Performance, as percursionistas Alessandra Belloni e Magda Pucci, do grupo Mawaca, e a antropóloga e atriz Regina Muller apresentaram seus trabalhos relacionando as duas áreas. O grupo Mawaca recria temas tradicionais de variadas etnias, buscando conexões com a música brasileira. E Regina Muller, com a sua Chica Chic (performance de Carmen Miranda) mistura antropologia e arte.
O evento foi encerrado pelo presidente do Ibram, José do Nascimento Junior, e Bela Feldman-Bianco, presidente da ABA. Nascimento reforçou a importância de eventos como esse para o fortalecimento dos estudos no campo museal e destacou a parceria com a Associação Brasileira de Antropologia.
Texto: Valentina Naves (Ascom/Ibram)
Foto: Antonio Carlos