A relação entre museus e paisagens culturais vem nortear as discussões da 14ª Semana Nacional de Museus. Proposto pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM) para as comemorações do 18 de maio (Dia Internacional de Museus) de 2016 e para a 29ª Conferência Geral do ICOM (a ser realizada em Milão), esse tema reforça o papel sociocultural das instituições museais. Quando chamados a abrirem suas portas para seus contextos externos, enfatiza-se a necessidade da valorização das culturas e da diversidade paisagística do país, que possui um mosaico de bens culturais.
Cada região do Brasil é constituída por paisagens específicas, muitas vezes identificáveis por meio da relação estabelecida entre os diferentes grupos sociais e o território. Isso ocorre, por exemplo, com as comunidades ribeirinhas e os contextos navais tradicionais; ou com os sertanejos, que tiram seu sustento da Caatinga; ou pelos modos de vida tradicionais dos povos do Cerrado, formados por etnias indígenas, quilombolas, agricultores familiares, e assim por diante. São populações muito conectadas às dinâmicas das paisagens e da natureza, e que, não raro, possuem fortes laços de pertencimento com as localidades, transmitindo as tradições culturais geração após geração.
Sob essa perspectiva, determinados contextos urbanos ou até localidades específicas de cidades cosmopolitas também podem ser trabalhados como paisagens culturais. Esses espaços abrigam pessoas com diferentes heranças culturais e que trazem influências múltiplas em termos de arquitetura, culinária, costumes, vestimentas, falares, artes e outros.
A 14ª Semana Nacional de Museus simboliza um convite para que o território seja compreendido ou ressignificado como espaço cultural vital das comunidades. A diversidade sociocultural brasileira se constrói e se reconstrói cotidianamente, estando presente nas instituições museológicas como espaços de comunicação, conhecimento, pesquisa e aprimoramento das práticas culturais. Para além da preservação da memória, os museus têm um importante papel na qualificação dos entornos, sejam eles vilas, cidades, ou quaisquer locais que importem às populações em relação a suas identidades e à preservação de seu patrimônio. Sob essa ótica, os museus assumem um papel estratégico no desenvolvimento local, na construção da cidadania e como dinamizador de oportunidades culturais e econômicas.
Com o entendimento de que os espaços externos são ao mesmo tempo lugares de memória e seus espelhos, é possível com criatividade conceber ações diversas junto às comunidades. Sob essa perspectiva, a Semana de Museus de 2016 é uma ocasião propícia para os museus fortalecerem laços e atuações com suas paisagens culturais.
Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN