Mais de 200 anos após suas mortes no degredo, na África, três inconfidentes – José de Resende Costa, Domingos Vidal Barbosa e João Dias da Mota – ganharão lugar no Panteão do Museu da Inconfidência/Ibram, em Ouro Preto (MG), juntando-se aos outros 13 inconfidentes já sepultados no monumento.
O sepultamento será feito em 21 de abril, Dia de Tiradentes, às 9h30min, com a presença da presidenta Dilma Rousseff, da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e do presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/Ministério da Cultura), José do Nascimento Junior, além do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, e do diretor do museu, Rui Mourão.
A identificação das ossadas exigiu anos de estudos e uma parceria entre história e ciência. Com o trabalho de especialistas em odontologia legal da Unicamp, o Museu da Inconfidência – que desde 1980 realizava pesquisas históricas sobre o caso – pôde comprovar que os ossos, repatriados da África para o Brasil nos anos 1930, são mesmo dos três inconfidentes. (OBS.: Veja fotografias disponibilizadas abaixo)
Os estudos foram realizados por equipe da Unicamp chefiada pelo professor Eduardo Daruge, doutor em odontologia legal. “Através de todas as informações obtidas e por exames técnicos posso dizer que temos de 98% a 100% de certeza de que as ossadas são dos três inconfidentes”, afirmou Eduardo Daruge, em coletiva à imprensa realizada no auditório do Ibram, nesta sexta-feira (15/4).
Ao todo, 26 nomes estão associados à Inconfidência Mineira e têm seus nomes registrados no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto. Destes, 13 tiveram seus despojos identificados e estão sepultados no Panteão da Inconfidência. Com os despojos de José de Resende Costa, Domingos Vidal Barbosa e João Dias da Mota serão 16 inconfidentes identificados, os outros 10 têm paradeiro desconhecido. “Tudo o que pudermos acrescentar à história da Inconfidência Mineira é importante, até porque esses personagens (José de Resende Costa, Domingos Vidal Barbosa e João Dias da Mota) deram contribuição efetiva ao movimento”, explicou Rui Mourão.
Os inconfidentes identificados
José de Resende Costa, pai (1728-1798) – Era capitão do Regimento de Cavalaria Auxiliar da Vila de S. João e fazendeiro em Arraial da Laje, hoje chamado Resende Costa (MG). José de Resende Costa, pai, foi preso em 1789, junto com seu filho de mesmo nome, e condenado à morte com outros inconfidentes. No degredo, foi contador e distribuidor forense até 1798, quando morreu. Seu filho voltou ao Brasil em 1803.
João Dias da Mota (1744 – 1793) – Nasceu em Vila Rica. Foi capitão do Regimento da Cavalaria Auxiliar da Vila de S. João e fazendeiro. Era amigo de Tiradentes. Morreu em setembro de 1793, nove meses após chegar a Cacheu, de uma epidemia que assolou a região.
Domingos Vidal de Barbosa (1761-1793) – Nasceu em Capenduva, de família abastada. Estudou medicina em Bordeaux, na França. Participou de forma discreta na conspiração. Encontrou-se com Thomas Jefferson (então embaixador na França e depois presidente americano) na Europa, quando teria obtido apoio à causa dos inconfidentes.
Os 13 inconfidentes já sepultados no Panteão do Museu da Inconfidência:
Inácio José de Alvarenga Peixoto
Tomaz Antônio Gonzaga
João da Costa Rodrigues
Francisco Antônio de Oliveira Lopes
Salvador Carvalho do Amaral Gurgel
Vitoriano Gonçalves Veloso
Vicente Vieira da Mota
Antônio Oliveira Lopes
José Aires Gomes
Luiz Vaz de Toledo Pisa
Domingos de Abreu Vieira
Francisco de Paula Freire de Andrada
José Álvares Maciel
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Imagens:
Urna com restos mortais de inconfidentes. Crédito: Unicamp
Ossada de José de Resende Costa. Crédito: Unicamp
Crânio de José de Resende Costa. Crédito: Unicamp
Reconstituição de José de Resende Costa 1. Crédito: Unicamp
Reconstituição de José de Resende Costa 2. Crédito: Unicamp
Reconstituição de José de Resende Costa 3. Crédito: Unicamp
Panteão dos Inconfidentes. Crédito: Sylvana Lobo/Ibram
Museu da Inconfidência 1. Crédito: Sylvana Lobo/Ibram
Museu da Inconfidência 2. Crédito: Sylvana Lobo/Ibram