O último final de semana de fevereiro foi o ponto de partida para um momento histórico no setor museológico. Representantes de todos os estados brasileiros se reuniram para debater políticas públicas culturais para o segmento de museus e memórias e encaminhar estratégias à II Conferência Nacional de Cultura.
A Pré-Conferência de Museus e Memórias foi iniciada na sexta-feira, 26 de fevereiro, na cidade do Rio de Janeiro. A mesa de abertura do evento foi formada por oito participantes que apresentaram algumas considerações iniciais e a condução da cerimônia ficou por conta do professor Mário Chagas, diretor do departamento de processos museais do Instituto Brasileiro de Museus.
O coordenador geral da Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, Maurício Dantas, destacou que a comunidade museológica atingiu o maior número de inscritos nas assembleias estaduais, etapa da II Conferência Nacional de Cultura. Dantas também explicou que a Pré-Conferência de Museus e Memórias tem dois objetivos principais: formulação de estratégias e diretrizes para a II CNC e também a eleição dos delegados regionais e da lista tríplice para o Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC).
Segundo o presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, a representação do afro-descendentes nos museus brasileiros é um importante ponto de reflexão e debate no evento. “É impossível constituir a história do Brasil sem a presença negra”, afirmou Zulu.
O assessor especial da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Pedro Pontual, lembrou que a memória pode ser considerada argumento e destacou a importância da verdade na consolidação da história do País.
Refletindo sobre os principais pontos do debate, o presidente do Instituto Brasileiro de Museus, José do Nascimento Junior, destacou o papel que a Política Nacional dos Museus já exerce ao viabilizar o desejo de expressão e de memória. Ele lembrou que é importante construir e não demolir o que já foi feito, evitando um retrocesso no caminho. Nascimento lembrou que a Pré-Conferência proporciona a construção coletiva de uma política cultural, partindo das diferenças e chegando a algo comum para o setor.
Também compuseram a mesa a coordenadora executiva da Pré-Conferência Setorial de Museus e Memórias, Margarete Moraes, a presidente do Conselho Federal de Museologia, Maria Olímpia Dutzman, o presidente da Associação Brasileira de Museus, Antonio Carlos Vieira, o Diretor Presidente do Conselho Internacional de Museus (ICOM) no Brasil, Carlos Roberto Brandão.
Ainda na abertura do evento, delegados, observadores e convidados participaram da discussão e aprovação do Regimento Interno da Pré-Conferência Setorial de Museus e Memórias.
Elaboração de estratégias
Os eixos da II Conferência Nacional de Cultura pautaram os debates no dia 27. Participantes se dividiram em grupos de trabalho e optaram por debater um dos eixos: Produção Simbólica e Diversidade Cultural; Cultura, Cidade e Cidadania; Cultura e Desenvolvimento Sustentável; Cultura e Economia Criativa e Gestão e Institucionalidade da Cultura. Após o debate, cada grupo escolheu três propostas a serem apresentadas a todos participantes.
Durante a plenária geral, as estratégias escolhidas pelos grupos foram debatidas e uma de cada eixo foi eleita para compor o conjunto de estratégias encaminhadas à II CNC.
Confira as estratégias aprovadas
Processos eleitorais
O último dia de evento foi reservado para a eleição de dez delegados, dois de cada região do País, para representar o segmento Museus e Memórias na II CNC. Foi realizada também a eleição para o Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC): cada delegado da sociedade civil votou em um candidato e a lista tríplice para este conselho foi composta pelos três mais votados.
Todos delegados regionais eleitos e também os três integrantes da lista tríplice para o CNPC foram aclamados durante o encerramento da Pré-Conferência de Museus e Memórias.
Fazendo um balanço do evento, a professora aposentada da Universidade Federal da Bahia, Maria Célia Teixeira Moura, destacou que o momento proporciona a visualização das diferentes realidades do Brasil. Para ela o debate leva ao crescimento e amadurecimento das políticas culturais.
Na visão de Átila Tolentino, delegado pela Paraíba, todo processo da II Conferência Nacional de Cultura foi democrático e transparente, um exemplo disto seriam as assembleias realizadas nos estados antes da Pré-Conferência.
Para a delegada e indígena, Joana Munduruku, representante de Tocantins, a aproximação proporcionada pela Pré-Conferência fortalece o debate e também dá visibilidade para questões específicas de cada local.
A II Conferência Nacional de Cultura será realizada em Brasília, do dia 11 ao dia 14 de março de 2010.