Teve início na manhã de quarta-feira (26), o Seminário Internacional ‘Patrimônio em chamas: quem é o próximo? – Gestão de riscos de incêndio para o Patrimônio Cultural’, reunindo cerca de 500 participantes no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, para discutir sobre o uso de novas tecnologias de segurança contra incêndios em organizações de patrimônio e sobre o papel de gestores no estímulo de uma cultura de prevenção.
Na abertura do Seminário, o presidente do Ibram, Paulo Amaral, falou sobre a necessidade de se difundir os ensinamentos técnicos que serão produzidos no evento para além dos gestores e profissionais de museus e destacou a importância da manutenção preventiva dos prédios que abrigam o patrimônio cultural do país. “É necessário que as autoridades compreendam que o gasto com manutenção é infinitamente menor que o gasto que temos para reerguer aquilo que foi destruído, sem contar o prejuízo que a indisponibilidade de um equipamento cultural gera”.
Paulo Amaral comentou que o incêndio do Museu Nacional motivou o Ministério da Justiça e da Segurança Pública a priorizar a aplicação dos recursos do Fundo de Direitos Difusos (FDD) em obras de reparação de equipamentos voltados para o patrimônio cultural.
Em maio e junho deste ano, 29 projetos voltados para o setor cultural foram aprovados para receber recursos do FDD, entre eles cinco museus do Ibram receberão R$ 55.525.763,64 até o final de 2021. O presidente do Ibram concluiu dizendo esperar que o principal produto do Seminário seja que a cultura de proteção ao patrimônio cultural reverbere por toda a sociedade.
Primeiros socorros, recuperação, recomeços
Na palestra “Requisitos para recuperação de dados e gestão de coleções após incêndios”, Gabriel Bevilacqua destacou a importância do trabalho de documentação e citou ações preventivas para a salvaguarda das informações do acervo, tais como manter coleções e documentação em espaços físicos diferentes, inclusive os backups. “É preciso reiterar o que é trabalho obrigatório de um museu: inventário, conservação preventiva, catalogação e difusão da coleção. É inaceitável uma instituição de memória não ter um inventário sobre as suas coleções. Essa documentação é tão crucial quanto a coleção em si, até para fornecer à sociedade a informação sobre o acervo dessa instituição.” Ele ressaltou, ainda, a relevância da disponibilização dos acervos na internet não só como estratégia de difusão, mas também de preservação.
Carolina Ossa, Conservadora-Chefe do laboratório de Pintura do Centro Nacional de Conservação e Restauração do Chile falou sobre os Aspectos materiais e imateriais da recuperação e reabilitação pós-incêndios e detalhou o processo da restauração da imagem da Virgem de Carmen, patrona do Chile, que foi incendiada após um atentado em abril 2008. Carolina comentou que esse foi um caso emblemático para o Centro Nacional de Conservação e Restauração do Chile não só pelos danos causados à imagem pelo fogo, mas também pela sua importância simbólica para a população chilena.
Ao final da tarde, Marcio Ribeiro falou sobre seguro contra incêndio de bens patrimoniais, as diferenças entre seguros e resseguros, além dos principais aspectos que devem ser observados nas contratações desses serviços. Ribeiro reforçou a fala sobre a relevância do detalhamento da informação do acervo segurado.
Na quinta-feira (27) pela manhã, os participantes do Seminário se dividiram em visitas técnicas ao Museu da Imagem e do Som, Museu Naval, Museu Histórico Nacional, Centro Cultural do Banco do Brasil, Museu de Arte do Rio e Museu Nacional, retornando às 14h para os painéis ‘Atualização sobre o Museu Nacional’, ‘Lições aprendidas de incêndios anteriores’ e ‘Como construir uma cultura de mitigação de risco de incêndios em organizações de patrimônio?’.
** O Seminário Internacional ‘Patrimônio em chamas: quem é o próximo?’ foi transmitido online pelo do canal Museusbr no YouTube e pode ser assistido na íntegra através do endereço: https://www.youtube.com/watch?v=ggTHaHmxAHc