Parceria entre Comunicação e Educação mostra as belezas e as riquezas guardadas num dos principais refúgios verdes da cidade de Belém (PA). Conhecimento e diversão andam juntos nas trilhas feiras pelos visitantes.
O Laboratório de Comunicação (LabCom Móvel), projeto coordenado pelo Serviço de Comunicação Social do MPEG, em parceria com os serviços de Educação e Extensão Cultural (SEC) e do Parque Zoobotânico (SPZ) do Museu Goeldi, realizou, nos dias 19 e 20, duas experiências denominadas de vídeos-trilhas, onde os visitantes do Parque percorreram e documentaram com vídeos e fotos os ambientes aquáticos, monumentos e a Trilha da Memória, conhecendo no percurso alguns episódios e personagens marcantes da história do Museu Goeldi.
Com mais de 116 anos, o Parque Zoobotânico é uma das principais áreas de lazer da população de Belém, e atualmente passa por um período de revitalização, que está promovendo reformas em vários ambientes. Possui cerca de 2 mil árvores, centenas de animais da fauna amazônica (alguns em cativeiro, outros libertos) e recebe mais de 200 mil visitantes anualmente.
1ªExperiência – O vídeo-trilha do dia 19 foi dedicado aos ambientes aquáticos do PZB, e, segundo a coordenadora do LabCom Móvel, a jornalista Joice Santos, “a iniciativa é uma experiência que une comunicação interativa e educação, cujo objetivo é chamar a atenção dos visitantes para a importância da água para o homem e a natureza amazônica”. A equipe do Móvel documentou e emprestou equipamentos para que os visitantes registrassem seu olhar do que viram nas trilhas.
Os participantes da vídeo-trilha aquática, foram guiados pelo educador Alcemir Aires (SEC) e pela bióloga Tatiana Figueiredo (SPZ), que durante o percurso explicou a composição faunística dos ambientes.
Aves aquáticas – Os guias chamaram a atenção para os hábitos de algumas aves aquáticas, tanto do ambiente que está situado na entrada principal do Parque (primeira parada da trilha), quanto do laguinho de peixes localizado atrás da Rocinha (segunda parada da trilha). Seguindo seus mapas mentais, aves, como a garça branca, fazem uma rota entre refúgios diversos na cidade e também se deslocam entre os ambientes do Parque do Museu, onde se alimentam e se abrigam. Os visitantes observaram as diferenças entre os dois ambientes abordados e seguiram em frente descobrindo vários significados na paisagem do Parque.
Alcino – Uma das paradas da trilha foi no lago dos jacaré, habitado por um dos moradores mais populares do Parque. Com, aproximadamente, 60 anos, “Alcino”, o jacaré-açu, é um animal que precisa muito da água. A bióloga Tatiana Figueiredo explica um dos motivos: “o ‘Alcino’ é muito pesado. Sem água, ele iria se locomover muito pouco e com muita dificuldade”. O jacaré-açu (Melanosuchus niger) é um réptil carnívoro que pode atingir até seis metros de comprimento. A dieta do “Alcino” é baseada em peixe, em especial bagre, alimento da sua preferência.
Quelônios – As tartarugas-da-Amazônia (Podocnemis expansa) do PZB também foram filmadas e fotografadas. Quelônios de água doce, que habitam a Amazônia, apesar de terem o nome de “tartaruga” – utilizado para quelônio marinho -, são, na verdade, cágados (vivem a beira de rios, açudes e lagos, próximos a água doce). A bióloga Tatiana Figueiredo falou sobre a reprodução e como o PZB trata do assunto: “Como elas se reproduzem muito rapidamente, nós realizamos, em parceria com o Ibama, a soltura de alguns animais na fauna livre”.
Vitória-régia – A trilha foi concluída no lago das vitórias-régias, onde os visitantes puderam observar exemplares de Victoria amazônica e ouvir um pouco da lenda indígena, contada pelo educador Alcemir Aires: “A jovem e formosa Naiá, uma indiazinha apaixonada pela lua, desapareceu nas águas do rio após ver a imagem da lua refletida nele. Para retribuir o amor da inocente índia, a lua transformou Naiá em uma flor gigante – a vitória-régia – com um perfume agradável e pétalas que se abrem nas águas amazônicas para receber em toda sua superfície, a luz da lua”.
A vídeo-trilha passou ainda pelo lago onde ficam os tracajás, os jabutis-dos-pés-amarelos e dos pés vermelhos e no recinto das ariranhas, mamíferos ameaçados de extinção. Alcemir Aires explicou que elas são conhecidas como “onças das águas, pois são espertas, ágeis e agressivas, além de nadarem muito bem, pois possuem hábitos semi-aquáticos”. Entre os participantes da vídeo-trilha estavam visitantes de outros estados brasileiros, como Marcus Vinicius Cruz Cordeiro, de Juazeiro do Norte, Ceará e Luiz Sérgio, de Santa Catarina.
Água – Substância composta de hidrogênio e oxigênio, a água está associada ao metabolismo de plantas, animais e dos seres humanos, sendo alvo de discussões sobre sua importância e preservação. A região amazônica é detentora de 20% de toda a água doce disponível no Planeta, além depossuir muitos aqüíferos, reserva de água potável subterrâneas.
2ª Experiência – No dia 20, partindo da pergunta “Onde está a memória do Museu no Museu?”, o Móvel e o Serviço de Educação, tendo como guias a educadora Ana Claudia Santos e a jornalista Joice Santos, convidaram os visitantes para conhecer alguns elementos do Parque que contam a história do Museu Goeldi. A iniciativa chamou a atenção do público para a importância histórica e científica do Museu Goeldi. Os visitantes conheceram monumentos e personagens históricas em uma caminhada multimídia pelo Parque: várias pessoas puderam registrar o seu próprio olhar da trilha com os celulares fornecidos pela equipe do Móvel.
No decorrer da caminhada para os monumentos, os visitantes também puderam tirar suas dúvidas sobre as fotografias antigas espalhadas pelo Parque, parte da exposição “Trilha da Memória”.
Memórias do Parque – A primeira parada foi na Rocinha, prédio monumento do Museu Goeldi, em torno do qual foi constituído o Parque Zoobotânico no final do século XIX. O pavilhão histórico também foi espaço de experiências científicas, abrigo de coleções, exposições e conferências públicas da instituição. Em seguida, o grupo conheceu o busto do idealizador do Museu Emilio Goeldi, o naturalista mineiro Domingos Soares Ferreira Penna.
Depois, a trilha seguiu para os monumentos de Carlos Estevão (etnólogo e pioneiro no desenvolvimento da piscicultura) e Nimuendaju (elaborador do mapa etno-histórico do Brasil, legou acervos e conhecimentos fundamentais no campo da etnologia). No caminho, encontraram fotos recortadas em tamanho natural do botânico Paulo Cavalcante (que entre tantos trabalhos, deixou a mais popular obra sobre a flora amazônica, o livro “Frutas Comestíveis da Amazônia”) e do naturalista Jacques Huber (grande pioneiro nos estudos da flora amazônica, maior especialista de plantas de seringa, criador do Herbário e do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi).
Ao longo do percurso, os trilheiros também foram apresentados a personagens pioneiras da presença feminina na ciência e no funcionalismo público. A história e a foto da ornitóloga Emilia Snethlage, acompanhada das duas primeiras funcionárias públicas do Pará, causou grande interesse no grupo de alunos da Escola Quinze de Outubro. O grupo também ouviu um pouco da história do fotógrafo e litógrafo Ernst Lohse, que uniu arte e ciência no Museu Goeldi e dá o nome a livraria da instituição.
O penúltimo monumento visitado foi a herma de Spix e Martius, uma homenagem a dois naturalistas que contribuíram para o conhecimento da flora e da fauna brasileira. A trilha encerrou no Castelinho, a antiga caixa d’água do Parque, em frente a foto de despedida do naturalista suíço Emílio Goeldi, com a equipe do Museu Paraense.
Os vídeos-trilhas produzidos estarão disponíveis no blog do Laboratório e na página institucional do MPEG no Youtube. A edição final da trilha do dia 20 também incluirá os participantes da Oficina História e Memória, coordenada pela educadora Hilma Guedes (SEC). O objetivo é mostrar que as histórias do Museu Emilio Goeldi estão presentes em todo Parque, nas publicações e nas memórias pessoais de funcionários, antigos moradores do entorno da instituição e visitantes do Museu.